domingo, 30 de outubro de 2011

Notas sobre uma História que Flui

Escrevo este post depois de semanas sem postar nada. Deve ter sido a maior interrupção de postagens da história deste blog. Foram semanas bem agitadas, sem dúvida. Uma campanha (vitoriosa) para Centro Acadêmico, uma viagem para o Rio, na qual eu tive a oportunidade de conhecer o mestre Bruno Cava e o Giuseppe Cocco, além, é claro, de ver o início da ocupação da Cinelândia que, segundo nos relata o próprio Bruno, segue animadíssima. 

Enquanto isso, a História segue em curso, com imagens contundentes se concatenando em flash: o linchamento de Kadafi, as acampadas pelo mundo, a vitória esmagadora de Cristina Kirchner na Argentina, o câncer de Lula - divulgado ontem, que a todos (humanos, não os chacais de plantão) entristece.

Resolvi voltar para o movimento estudantil, depois de uma quase aposentadoria, por conta do agravamento da crise da PUC e os enormes problemas que se avizinham para o ano que vem, além do momento político que vivemos pelo mundo. Hoje, não há como ficar parado e se sentir vivo ao mesmo tempo...

Já tinha me esquecido do misto de euforia e desgaste físico e psicológico total que é estar em campanha no Direito. Rodar corredores, passar em sala, distribuir cartas-proposta e, desta vez, participar de longos debates - dois de três horas, graças ao grande número de chapas, no mesmo dia. Conversar com quase três mil estudantes, convencer o pessoal a ir às urnas e tudo mais. Foi bom sentir isso de novo, ainda mais tendo uma marca impressionante de 68% dos votos no fim das contas.

O clima político que vivemos é singularíssimo. Não há mais espaço para as utopias nem para as distopias. E isso foi forjado na luta. Diante do impasse de um sistema que nada mais é do que um cão que persegue a própria cauda, o modo de luta que se impõe é em rede. O conformismo conservador norte-americano tomba, ao mesmo tempo, do sistema cubano e isso não é mera coincidência.

A esquerda, como insistimos há muito por aqui, precisa retomar algo que já estava em sua gênese, embora tenha se perdido em meio ao salvacionismo jacobino: sua função não é ser um outro, o outro caminho possível, mas sim ser a afirmação de que, na verdade, há vários caminhos; seu papel é articular as partes desconexas que se atritam no Capitalismo, não tentar universalizar particularidades e reforçar um binarismo qualquer.

Voltemos, pois, ao batente.

P.S.: Dia 09 de Novembro, estarei de volta Rio, em um seminário na Casa Rui Barbosa, encerrado pelo grande Antonio Negri. Falarei na mesa das 14 horas, mediada pelo Bruno segue aqui a programação:
quarta-feira, 9 de novembro de 2011, das 10h às 20h
A crise do capitalismo global, iniciada em 2007-2008 com o estouro da bolha imobiliária, entrou numa nova fase que envolve as dívidas soberanas das economias centrais. Num primeiro momento, os Estados despejaram trilhões de dólares para socializar os custos da crise dos mercados e, em seguida, passaram a destruir os resíduos de Welfare State, fazendo com que os pobres e os trabalhadores paguem a crise. A indiferenciação da política avança a largos passos e governos de centro-esquerda (Espanha) aplicam as mesmas receitas que governos de centro-direita (Reino Unido). Diante desse impasse, a verdadeira inovação apareceu na primavera árabe, nos protestos de Londres e Roma, no movimento da multidão espanhola e agora nas ocupações e acampadas que se globalizaram a partir do 15 de outubro. Este seminário será um momento de reflexão sobre esses eventos e movimentos, para pensar nas "revoluções" capazes de construir uma nova esfera política, além do Estado e do Mercado, um direito do Comum.
Coordenação:
Giuseppe Cocco (Universidade Nômade)
Mauricio Siqueira (FCRB)

10h
 Mesa I - PODER CONSTITUINTE E DIREITO DO COMUM
Mediação: Tatiana Roque (UFRJ e Universidade Nômade)
Adriano Pilatti ( PUC-Rio e Universidade Nômade)
Mauricio Rocha (PUC-Rio e Universidade Nômade)
Francisco Guimaraens (PUC-Rio e Universidade Nômade)

14h
Mesa II - POLÍTICAS DO COMUM
Mediação: Bruno Cava (Uerj e Universidade Nômade)
O Comum Organiza o Direito, Bruno Cava (Uerj e Universidade Nômade)
Os paradoxos do Desenvolvimentismo, Hugo Albuquerque (PUC-São Paulo)
A anomalia brasileira, Pedro B. Mendes (UFRJ e Universidade Nômade)
Direitos Humanos e Altermodernidade, Eduardo Baker (Uerj)
Políticas do Comum, Alexandre Mendes (Uerj e Universidade Nômade)

17h
Lançamento do livro A crise da economia global, de Giuseppe Cocco
Editora Civilização Brasileira

18h
Conferência de Antonio Negri
CRISE E REVOLUÇÕES POSSÍVEIS
Coordenação de Giuseppe Cocco

Auditório
Entrada franca
Informações: 21 3289 4636


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