quarta-feira, 25 de maio de 2011

Palocci, Código Florestal e a Economia

Guido Mantega, por ora, o grande fortalecido nisso tudo
Enquanto de um lado o Antônio Palocci, o pretenso articulador-mór da República, balança mas (ainda) não cai e o problemático texto do Novo Código Florestal acabou passando - restando apenas a Presidenta correr os riscos inerente ao veto do texto -, do outro lado, as contas públicas vão muitíssimo bem, obrigado e o PIB deve apresentar um resultado muito bom este ano. Enfim, tudo segue como dantes no quartel de Abrantes. Mais até do que isso, as desditas e as vitórias do atual governo não deixam de ser perfeitamente previsíveis; Palocci, desde o começo, era um péssimo nome: sua enorme capacidade de articulação nos bastidores sempre foi ofuscada pela sua visão limítrofe de política e sua capacidade de se envolver em problemas - era líquido e certo que aquilo que está acontecendo agora não tardaria a acontecer, talvez até em momento mais inoportuno. O Novo Código Florestal, por sua vez, também já nasceu mal, basta ver a equipe responsável por sua redação - um Aldo Rebelo há tempos próximo dos ruralistas -, ter dado no que deu, jogando esse enorme abacaxi no colo de Dilma não é novidade alguma, francamente. Por outro lado, o resultado das contas e do PIB era esperado, ainda mais com Dilma no topo da cadeia de comando; enquanto a oposição falava em "contas destroçadas" durante a campanha eleitoral, se aproveitando de um recorte momentâneo, estava claro para qualquer entendedor de economia que estava tudo sob controle: estava em curso ali o funcionamento do superávit contraciclíco, que consiste na contenção de recursos em tempos de fartura para gasta-los quando as vacas estiverem magras - uma vez retomado o crescimento, como foi conseguido com êxito durante a mais grave crise econômica desde 1929, com um esforço razoável as contas voltariam ao lugar. Agora, estamos diante da previsão de um crescimento de mais de 4% e as contas públicas já estão redondinhas com o superávit primário de 4,3% garantido, emprego e renda crescem. Ponto para o Ministro da Fazenda Guido Mantega, que se fortalece com o enfraquecimento de Palocci e com os resultados conquistados.

P.S.: Para além dos problemas todos na articulação política, temos um problema grave no Congresso Nacional; a grave crise partidária e o clima obscurantista produzido pela oposição na última campanha presidencial deram em uma das piores composições da história do nosso Congresso, sobretudo, no que diz respeito à Câmara. 


P.S. 2: Também não resta dúvida que o problema da inflação é uma grande ameaça ao Governo Dilma; e aqui eu não falo apenas das causas externas que ora se impõem, mas também da própria intensificação da tensão classista do momento presente; uma vez que os aumentos de emprego e renda salarial se colocam em trajetória ascendente, o capital tenta engolir os ganhos salariais reais com repasse nos preços - o que força mais reivindicações laborais na outra ponta. É basicamente sobre isso que eu me referia quando falava da dificuldade que o PT teria para não ser engolido pelas próprias mudanças (para melhor) que ele mesmo produziu.


Atualização de 26/05 às 12:48: O desemprego continua a cair. Agora, a taxa está em 6,4%. Viveremos um momento interessante quando a taxa passar dos 5%. 

6 comentários:

  1. que tal a ré que Dona Dilma deu hoje?

    é a Geisel-de-calçola! agora ela já tem tambem sua "abertura lenta e gradual" com o kit-antihomofobia.

    Ontem, ela teve seu Chico Mendes assassinado.

    E Palocci será um belo de um Silvio Frota.

    Além de ela estar abrindo os mesmos flancos que Jango, atoa atoa...

    Golpe Militar não rola mais, e agradeçamos ao Mal. Castelo Branco, que acabou com a casta de Marechais Palpiteiros, de modo que o Exército não desse mais golpes (e voltando a ter patentes idênticas a da Marinha, como era antes da Guerra do Paraguai).

    Triste do país cuja única pessoa a impedir futuros golpes militares foi ele próprio um presidente militar interino nos umbrais de uma Ditadura.

    Até 2016, o Canadá me espera. Serei súditos dos Windsor - não é o mesmo que os Bragança, mas pelo menos isso Pedro II imitava de Buckingham: era ele que mandava na Igreja, política e salarialmente, e não o contrário. Não foi por outros motivos, lembremos que a Igreja apoiou o Golpe de 1889, dito Proclamação da desdita República, extinguindo nosso mais longo e profícuo período democrático: o 2º Império.

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  2. Olha, Lucas, se a diferença entre Dilma e Geisel for a calçola, eu acho que isso faz uma diferença (para melhor) danada; creio que a enorme superioridade de liberdades civis e ganhos econômicos entre o Brasil do fim dos anos 70 e de agora não é digno nem de brincadeiras; e Castelo Branco poderia até não querer um Regime Militar tão prolongado quanto ele foi, mas que ele não evitou absolutamente nada, isso é a mais pura verdade: o último marechal aceitou ser o cabeça de um regime golpista, ele ocupará para sempre o lugar no inferno destinado aos abridores de caixas de pandora.

    abraços

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  3. eu queria lembrar também que o Governador da Bahia Jaques Wagner avisou diversas vezes que "eleger Dilma a qualquer custo" seria Vitória de Pirro.

    E que se pra "eleger Dilma no primeiro turno" tivesse que rifar a Bahia (apoiando-se também Geddel) e Minas (Patrus, vice de Bosta, sem comentários), melhor era não eleger. Tanto assim que descolou seu nome dela já no primeiro turno.

    Se reelegeu de lavada, ela foi pro segundo turno. A entrevista de Wagner após a apuração contem um risinho escroto dele de canto de boca, que quem conhece o Galego sabe o que significa: "eu avisei, ninguém ouviu, agora aguentem".

    Cosque tamem, PT de São Paulo, deixarás de ouvir o mais importante governador que o PT já teve em toda sua história até agora?

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  4. Bom, quanto a isso sim. Se o PT nacional ouvisse mais Tarso e JW estaria muito melhor, não resta dúvida. A quantidade de tragédias anunciadas seriam menores.

    abraço

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  5. Algo me diz que o PMDB finalmente vai mostrar sua cara e começar a dar trabalho pro PT. Tenho percebido isso na esfera federal, estadual e municipal. Mas é isso aí, PT. Quem dorme com cobra amanhece picado, não tem jeito.

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  6. Ândi: Eu creio que o PMDB jamais escondeu sua cara, aliás, ele é bastante honesto dentro daquilo que ele propõe a ser - isto é, uma confederação de oligarcas. Eles são capazes de se alinhar ao governo e votar uma série de projetos surpreendentemente bons, mas existem limites; ademais, o PMDB está longe de ser a maior ameaça que existe no atual Congresso, título que a miríade de partidos pequenos de aluguel, que engrossam o caldo do "baixo clero", merece de longe.

    abraços

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