sábado, 23 de abril de 2011

Sucessão Paulistana: Chalita no PMDB

Prefeitura Paulistana: O alvo das ambições será o palco de nova catástrofe?

Até o final do ano passado, Michel Temer era um político com grande influência nos bastidores de Brasília, alguém que tinha tal controle dos mecanismos de funcionamento do Congresso que conseguiu emplacar seu nome como vice da chapa presidencial vitoriosa, embora nunca tenha tido maiores afinidades com o PT. Ainda assim, sua influência no diretório paulista, enquanto o ex-governador Orestes Quércia estava vivo servia para garantir suas candidaturas a deputado federal e nada mais. Vale o dito popular: rei morto, rei posto. Quércia falece na mesma época em que Temer ascende à vice-presidência e, a partir daí, é ele quem passa a dar as cartas no PMDB paulista de forma inquestionável. E suas manobras começam já em Janeiro, com a tentativa desesperada de trazer o prefeito paulistano Gilberto Kassab para o partido, o que acabou dando errado, mas agora uma manobra sua parece ter dado certo: Gabriel Chalita está praticamente filiado ao PMDB - mesmo com o risco de perder seu mandato de deputado, conquistado pelo PSB - e deverá ser o candidato do partido à Prefeitura de São Paulo. 

Quem é Chalita? Um deputado jovem ligado aos movimentos de renovação carismática da Igreja Católica, à ala de Montoro na Faculdade de Direito da PUC, livros de auto-ajuda e próximo aos grandes grupos privados de Educação. Sua atuação mais destacada até hoje na política foi como secretário de educação do governo Alckmin, onde foi apenas mais um tecnocrata tucano que nada fez para mudar todo o processo de degeneração da Educação Pública no estado - muito pelo contrário, aliás. Depois de algum tempo isolado no PSDB, quando teve suas (nada pequenas) ambições podadas pela nomenklatura local, aceitou ser candidato a deputado federal pelo PSB, vencendo bem as últimas eleições para, logo depois, enfiar os pés pelas mãos: seja quando perdeu a quebra de braço para ser indicado como Ministro Educação - o que seria do agrado dos conglomerados educacionais - ou quando, quase que simultaneamente, cometeu a manobra impensada de lançar-se  à disputa pela liderança do partido na Câmara contra a vontade do presidente do partido e governador pernambucano Eduardo Campos. Em ambos os casos, ele foi com sede ao pote demais para um neófito em Brasília e se deu mal. 

Enfim, do mesmo modo que Chalita esteve rifado no PSDB há poucos anos, ele está agora no PSB. Em ambos os casos, motivos ideológicos passam bem longe de ser a causa do problema: Chalita é alguém obcecado em galgar espaços na política e, normalmente, calcula mal seus movimentos. Agora não lhe interessa mais ser deputado. A tática de Temer, por sua vez, consiste em basicamente fazer o partido deixar de ser nanico no estado e, para isso, está agregando nomes "bons de voto", o que no curto prazo funciona, embora as coisas sejam um tanto mais complicadas mais para adiante. Uma possível candidatura Chalita embola sim o jogo da sucessão na Prefeitura, afinal, o deputado não só tem força eleitoral como será estruturada por um partido grande - e ainda será favorecida pela crise pela qual passa o PSDB e sua coalizão que, em tese, disputariam grande parte do eleitorado com ele. O PT, por sua vez, ainda tem a faca e o queijo na mão se aparecer com um candidato novo para 2012, mas a política é cruel e não perdoa as indefinições - e os erros - alheios.


4 comentários:

  1. É uma pena, porque em que pese seu passado como Secretário de Educação do PSDB em SP, eu ainda tinha esperança dele (e do ex-prefeito da minha cidade, deputado Newton Lima) exercer importante papel na renovação da educação, especialmente na valorização dos professores.

    Se ele deixar a câmara, vai ser uma decepção grande.

    Mas é negócio deixar o PSB agora, que o partido aparentemente está crescendo? Ou não é uma opção? rs

    Abs

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  2. Então, Ândi, eu nunca tive essa ilusão, creio que sua atuação na Secretaria de Educação de Alckmin já era um indicativo bem claro no que toca sua perspectiva sobre a área; mais do mesmo, só que sem truculência. Como eu disse, agora seria "mais negócio" para ele ir para o PMDB mesmo, apesar dos riscos.

    abraços

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  3. Santa coincidência, escrevi hoje sobre o mesmo tema!=) http://www.tsavkko.com.br/2011/04/chalitapmdb-e-o-possivel-apoio-do-pt-em.html

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  4. Vou dar uma passada lá assim que puder - correria danada :-(

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