terça-feira, 3 de agosto de 2010

A Função do Silêncio para a Liberdade

(Recreação - Pearce)


"Primero vamos a matar a todos los subversivos, después a sus colaboradores; después a los simpatizantes; después a los indiferentes, y por último, a los tímidos."


(General de Brigada Iberico Manuel Saint Jean, governador de Buenos Aires, 1976) - Tirado do Consenso, só no Paredão!


Se eu pudesse escolher uma declaração para substituir o conceito de Totalitarismo, em relação ao qual a Ciência Política dedica boas acrobacias para formular, certamente escolheria esse. A frase fala mais que mil imagens, mas ainda assim é preciso dimensiona-la e para isso é preciso voltar à questão da Política: Por mais que sua a construção histórica do seu conceito a tenha tornado algo grande demais para explicar num post, seu significado primeiro ainda guarda certas proximidades com o conceito atual, a Política é uma arte - justamente, a de viver em grupo -; quando falo sobre Arte, trato de uma forma de intervenção proposital e calculada do homem em relação à Natureza, o que importa em meios e fins previamente estipulados, por suposto. 


Política, portanto, está no mesmo campo da Música - e se na primeira a questão das variações não é só patente como óbvia, na segunda o mesmo se dá da mesma maneira mais intensa embora velada - talvez mais intensa porque velada -; o som e o silêncio se alternam, ritmicamente formando um produto final. De tal modo, não basta controlar integralmente o que soa para construir um regime totalitário, mas o que deixa de soar também. O controle sobre o Silêncio é fundamental - e isso não se dá apenas pela sua instituição, mas sobre sua condenação em certos momentos; a sociedade dominada por um sistema totalitário é aquela que não tem autonomia sobre seu Silêncio. O Totalitarismo não apenas faz com que calemos como também precisa fazer o nosso silêncio falar. 


É necessário bradar que estamos junto - e darmos mostras da nossa fidelidade frequentemente -, estamos condicionados a falar quando exigido - no momento oportuno e da forma adequada - e nos resignarmos em todo resto - mas a resignação, por si, não basta, é necessário que essa passividade sirva para realizar um simulacro de ação na qual perdemos nossa autonomia em detrimento da vontade do Ente designador da Ordem, aquele que sabe aquilo que não sabemos, nem podemos, saber. Isso vai para além de qualquer binarismo. Ninguém está a salvo, é bom que se saiba.



Um comentário:

  1. O atual quadro político paulista está acirrando as contradições e eis uma manifestação sobre a qual gostaria fosse travado um amplo e sério debate:
    http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI4605938-EI6594,00-Em+manifesto+na+web+jovens+paulistas+criticam+migracao.html
    A juventude paulista está no dever de contestar esse grupelho fascista, realizando amplas análises e traçando estratégias políticas imediatas e concretas.
    José Sérgio Viveiros

    ResponderExcluir