sexta-feira, 26 de março de 2010

PNDH-3 na PUC: Luta, Substantivo Feminino

Ontem pela manhã rolou o ato do lançamento do livro "Luta, Substantivo Feminino – mulheres torturadas, desaparecidas e mortas na resistência à ditadura”, um livro que reúne os perfis de 45 mulheres assassinadas pela repressão militar e cujo lançamento se enquadra dentro do projeto Direito à Memória e à Verdade - que se encontra previsto no Eixo 6 do PNDH-3  e está sendo tocado pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Estavam na PUC o Ministro Paulo Vannuchi, a Ministra Nilcéia Freire juntos com as Professores Flávia Piovesan, Silvia Pimentel, Flávio Croce, o diretor da Faculdade, Professor Marcelo Figueiredo além de uma representante do movimento dos torturadas, Rosalina Santa Cruz, e um representante do nosso CA, meu amigo Leo Danesi - assim com a plateia estava cheia de ex-presos e presas políticos.

Foi um ato muito bonito - e fico chutando minha própria canela por não ter corrido atrás de uma câmera, já que a minha tá com problema. Por mais que eu tenho participado de eventos como esse, eu ainda me impressiono com a coragem daquela geração: A turma foi para o pau contra uma máquina de matar insaciável e até hoje luta, se movimenta, contesta - mas ai fica uma provocação minha: Mas por que será que ela não conseguiu passar isso para as outras gerações? Eu tenho minha tese de que isso tem muito a ver com a forma como sistema de mídia foi desenhado no pós-ditadura e como as universidades brasileiras ficaram burocratizadas. Mas não sei, pode até ter mais coisa aí.

O livro em si ficou muito bem feito - ele pode ser baixado no próprio site da SEDH, é só entrar no link lá em cima. Trata-se de uma obra que apesar de ser bastante pungente e chocante, é muito bonito - o que, ao meu ver, casa bem com o espiríto do projeto; são 45 Antígonas a nos contar sua história.

Do que foi dito pelos no ato, as falas de Áurea Moretti, uma enfermeira de Ribeirão Preto que militou contra o regime e foi barbarizada na prisão, no sentido de não apenas narrar o que sofreu e o que foi aquela época, mas também de se posicionar corajosamente em relação a temas como liberalização das drogas e aborto foi sensacionar. O Ministro Vannuchi também mostrou uma postura corajosa ao defender o PNDH-3 - aliás, poucas pessoas politizaram tão bem a pauta dos direitos humanos quanto ele nesse país - e ao criticar a mídia, principalmente a Globo, que gravou uma palestra inteira sua e depois mostrar apenas uma filmagem sua sem voz, alegando que "o ministro recuou em tudo sobre o PNDH-3" - evidentemente, o fato dele ter sido pressionado pelos altos escalões do Governo a remendar o texto do PNDH-3, é questionável, mas a crítica a forma como isso tem sido coberto pela mídia nunca deixa de ser valida, até porquê a Globo certamente fez essa afirmação em caráter de comemoração. Também foi maravilhosa a fala de Rosalina Santa Cruz agradecendo a Jobim por ter politizado a questão.
 

Enfim, em que pese qualquer turbulência no processo, o PNDH-3 está sendo um instrumento importantissímo no debate político atual, pois forçou a direita a se posicionar e assim delinear o cenário político brasileiro real - e também mostrou os velhos recuos desnecessários do Governo, que não errar em conciliar, mas que, não raro, concilia no momento e da forma errada. As diretrizes e eixos ali tirados não são de jogar fora, muito pelo contrário, se constituem em importantes nortes para a nossa luta.

5 comentários:

  1. Eu tive a honra de estar presente, falar coma Aurea e Rose Nogueira. Relamente foi um belissimo ato!

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  2. por favor, se puder responda no e-mail meira_dias@yahoo.com.br. Obrigada!

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  3. Hugo. Sabe onde o livro está disponivel para down?

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