sábado, 31 de janeiro de 2009

Sábado de Paulistão - parte 2

O Barueri venceu o Guarani por 2x0, o Marília empatou em zero com o Botafogo e o São Caetano venceu por 1x0 o Mogi fora. Enfim, Barueri e São Caetano confirmam que podem chegar a algum lugar, enquanto o Mogi junto com o Botafogo e o Marília perigam.

Amanhã, o São Paulo é favorito contra o Santo André e deve levar os três pontos sem muita dificuldade se jogar o que sabe e o que pode. O Santos, que tropeçou contra o Mirassol tem um jogo perfeitamente vencível contra o Ituano fora. O Palmeiras, único dos grandes que ainda não perdeu pontos, entra com o seu time reserva contra a Ponte em Campinas e corre o risco de perder a liderança - ainda que o empate seja o mais provável, o que o manteria na ponta, a menos que a dupla San-São goleasse.

Sábado de Paulistão - parte 1

Agora há pouco, o Corinthians goleou o Oeste de Itapólis por sonoros 4 a 1, o que confirma a minha análise de que esse ano a diferença entre os quatro grandes e os demais times do estado está muito grande - e lembrem que o Oeste estava invicto até esse jogo. O Corinthians, que patinou contra o bom Barueri e ganhou com certa dificuldade dos medianos Bragantino e Botofogo-SP, hoje acertou um pouco mais o pé e assumiu a liderança provisória. Nada para se espantar. Entre pequenos e médios, os únicos que tem de chances de chegar a algum lugar são o Barueri, São Caetano e Guarani - sendo que Ponte, Lusa, Santo André, Guaratinguetá e quem sabe Noroeste talvez fiquem na parte de cima da tabela. Ainda assim, a única coisa que eu penso que pode impedir uma semi-final só com os quatro grandes, é o fato de São Paulo e Palmeiras estarem na Libertadores, nada mais.

Representação política nos municípios.

Como nós sabemos, a República Federativa do Brasil é dividida em 26 estados mais um Distrito Federal, no entanto, sua divisão não pára por aí, posto que ela é dividida secundariamente em cerca de 5564 municípios - um número que tende a aumentar, nunca a diminuir, graças ao perene processo de emancipação de vilas, bairros e distritos como, por exemplo, Caetés-PE, município natal de Lula, que na época de seu nascimento era parte de Garanhuns.

Por conta da Constituição de 1988, não resta dúvida que a figura do Município saiu fortalecida, gozando de uma autonomia da qual os próprios estados-membros da Federação se ressentem há décadas - mais precisamente desde o fim da República Velha, sendo que sai Constituição entra Constituição e sua situação permanece praticamente inalterada.

Dentro de todos os municípios brasileiros ocorrem eleições quadrienais simultâneas, tanto para decidir quem será o chefe do executivo quanto para quem vai integrar a câmara de vereadores - o parlamento municipal.

A eleição para prefeito é majoritária em dois turnos - ganha em primeiro turno quem conseguir a metade mais um dos votos válidos, sendo que caso isso não aconteça, os dois primeiros colocados disputam um segundo turno, cujo vencedor torna-se prefeito.

A eleição para vereador obedece o sistema de voto proporcional, sem, no entanto, exististirem listas fechadas. Em suma, quando votamos no candidato X estamos votando em primeiro lugar na legenda dele e em segundo lugar nele próprio, ordenando a lista partidária de fora para dentro (podendo haver também o voto apenas na legenda, que conta, claro, unicamente para o partido).

Se o partido X conseguiu 25% dos votos válidos para uma câmara de 12 cadeiras, terá 3 delas que serão ocupadas justamente pelos seus três candidatos mais bem votados nominalmente, ou seja, os 3 primeiros da lista que foi ordenada de fora para dentro.

Mas é aí que porca torce o rabo: Boa parte do eleitorado desconhece como funciona o sistema, pois pensa que ele é puramente nominal - os 12 mais bem votados nominalmente ocupando as 12 cadeiras. Claro, o sistema de voto proporcional é o mesmo que vale para a eleição de deputados federais e estaduais - e é igualmente ignorado nessas circunstâncias também, mas no caso do município a confusão é mais flagrante pela maior proximidade do eleitorado com os candidatos e a enorme fraqueza que os partidos têm no plano municipal, especialmente em cidades médias e pequenas, muito mais grave que no plano nacional.

O eleitor está associando seu voto a uma pessoa, não sabendo que, na verdade, está votando em um partido. Mas qual partido, afinal de contas? Muitas vezes o próprio candidato, por ignorância, não sabe como funciona sistema funciona; em outros casos, sabe, mas pede o voto nominal, porque, na prática, esse sistema faz os candidatos do mesmo partido concorrerem entre sim no dia do pleito.

Reitero: Os partidos, que já são fracos no plano nacional, não passam de meros lançadores de candidatos nos municípios pequenos e médios. Eles não existem, são mais pulverizados ainda pelo sistema de voto que apesar de ser proporcional, permite o voto nominal e, no fim das contas, acabam não possuindo identidade, programa, unidade...

A representação decorrente disso, como não poderia ser diferente, é tenebrosa. Pela falta de capacidade do legislativo, as Prefeituras levam o município à reboque pelos quatro anos, fazendo mais ou menos o que bem quer. As câmaras, pela vez delas, tornam-se mero ambiente de clientelismo e fruto de gastos públicos.

Devido a essa pasmaceira total, nem o aspecto técnico é contemplado, muito menos a Democracia é aprofundada. Então, o que fazer? O ideal mesmo seria alterar isso por completo, eliminar a figura do vereador de cidade pequena e criar um legislativo em parte técnico - e concursado -, em parte diretamente democrático - com as associações de moradores de bairro (ou da cidade, dependendo do tamanho dela) tendo direito a indicar delegados (voluntários) para votar as leis e participar do processo -, com a presença também de mais plebiscitos e referendos assim como a existência de um orçamento participativo. Nas grandes e médias cidades, voto distrital puro, mas dentro de um ambiente que privilegiasse mais a participação de associações de moradores de bairro e movimentos sociais.

Claro, seria uma idéia que precisaria ser mais maturada e trabalhada, no entanto, uma coisa que deve ser levada em consideração é que para avançarmos com a Democracia - ou mesmo fazê-la existir um pouquinho além do que na teoria - no nosso país, devemos remover esses entraves cartoriais que sobreviveram à Carta de 88 e colaboram para tornar a Política algo distante do povo mesmo no seu âmbito local.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Palmeiras 2009

Pegando o gancho sobre o tema que eu tinha começado ontem, o Palmeiras 2009 está me surpreendendo. Não esperava muito desse time no início tanto por ser muito jovem quanto por sua total falta de entrosamento - dos 11 que entraram em campo ontem, apenas Marcos, Pierre e Diego Souza eram titulares no Brasileirão 2008.

O fato é que figuras como Keirrison e Cleiton Xavier estão jogando com a mesma tranquilidade e a naturalidade de quem já estava no elenco há uns três anos - e olha que Keirrison é bem jovem e nunca atuou em equipes grandes, enquanto Cleiton Xavier teve uma passagem não muito destacada pelo Inter-RS, passou pelo Sport e por algumas equipes pequenas e médias no alto de seus 25 anos de idade, tendo, inclusive amargado o rebaixamento no BR 08 pelo Figueirense.

Os zagueiros que vieram do futebol paranaense também estão firmes assim como Williams vem jogando bem. Gostei de Armero ontem, apesar dele não ter cortado o cruzamento que deu no único gol boliviano. Enfim, ponto para Luxemburgo que nesse início de temporada está se redimindo dos erros grotescos ele que cometeu no segundo semestre de 2008.

Quando falo em "erros grotescos" me refiro desde o processo lento, gradual e doloroso de fritura de Valdivia (que acabou negociado) até o bate-boca público com Marcos, passando por desgastes com Gustavo, o fato de ter deixado o polivalente Wendel ir para o Santos e, especialmente, o fato de ter dado a Diego Souza uma liderança que ele nunca teve no elenco - além de ter tentado transformar ele no craque do time, como se ele pudesse substituir Valdivia (Ok, Diego é um bom jogador e pode ser ótimo jogando mais atrás, dando a saída de bola e marcando, mas não dando uma de maestro do time, isso não). Não esquecendo, claro, de sua pequena aventura como comentarista televisivo, mas sobre isso, eu nem pretendo me alongar...

Não se esqueçam que o mesmo time que acabou o Paulistão jogando por música, terminou o Brasileirão conseguindo uma vaga para a pré-Libertadores na bacia das almas - e ainda por cima perdeu seus melhores jogadores.

Analisando mais friamente esse novo elenco, Luxemburgo aposta em um 3/5/2 um pouco diferente daquele que nós vemos há anos no São Paulo. Se parece mais com aquele que o Brasil foi penta em 2002 com Felipão, mas com pequenas diferenças; na zaga, Maurício Ramos fica pela direita, Danilo pela esquerda e Edmílson é um líbero que vira volante (do mesmo jeito que no Brasil de 2002); no meio Pierre marca, Diego Souza fica próximo dele combatendo e saindo para armar quando tem liberdade (o que tem sido recorrente nos últimos jogos); os alas não jogam com a ofensividade dos alas são-paulinos, eles se guardam mais para dar liberdade para Diego; Cleiton Xavier é o armador-central que flutua pelo campo, não é craque, mas tem boa técnica e taticamente é muito inteligente; Keirrison, que é craque, comanda o ataque como um centro-avante moderno que se movimenta bastante (nisso lembra Vagner Love, só que sendo mais técnico) ao lado de algum velocista, seja Williams, seja Lenny.

Para um início de temporada está bom demais. Ainda existem defeitos, como nas alas que precisam ser mais azeitadas - Wendel caberia melhor na direita do que Fabinho Capixaba, Armero precisa se soltar mais -, mas nada insanável, muito pelo contrário.

Ainda assim, ontem teve uma má notícia, que foi a saída do zagueiro Gustavo, trazido do Paraná Clube em 2007 pelo técnico Caio Jr. com quem havia trabalhado no ano anterior no mesmo clube. No time alcançou o auge junto com Henrique no Campeonato Paulista, mas foi desdenhado por Luxemburgo no Brasileiro e agora. Vai para o Cruzeiro, que fez uma grande contratação.

No plano interno, Beluzzo, que era o melhor quadro da cartolagem de clube há tempos, foi eleito presidente. A melhor opção, sem dúvida. Só espero que ele consiga fazer a tão necessária reforma interna que o time precisa. O Palmeiras precisa mudar essa mentalidade de ser construído de fora para dentro, boas parceirias é muito bom, mas é necessário também ter um clube forte.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Início

Já acompanho a blogosfera brasileira há um tempo. Achei um fenômeno interessante. A possibilidade da construção interativa da informação é algo tentador e necessário para superar essa nefasta lógica da mídia tradicional baseada na informação de mão única. Também serve como catarse para as (muitas) neuroses pós-modernas.

Enfim, depois de passar tanto tempo lendo os blogs alheios, resolvi fazer um pra mim. E começo num bom momento: O Palmeiras acabou de meter 5X1 no Real Potosí da Bolívia pela pré-Libertadores e colocou um pé e meio no torneio, mantendo o bom - e surpreendente - nível que ele vem exibindo nesse iniciozinho de temporada - quatro jogos, quatro vitórias, três goleadas, doze gols feitos e apenas um levado. Muito bom.

Atualização de 08/07/09: Sempre achei que faltou alguma coisa aqui. Faltou mesmo. Por isso, voltei no tempo e corrigi o meu erro. Dessa vez, se você voltar no tempo, não o terá perdido como outrora:

Por que Descurvo? Porque é reto, é direito, é ideal. Também porque não é submisso, ao contrário, é altivo, rebelde e provocador. É o petulante idealista que se confronta e se confunde com o pequeno materialista em meu ser. Formalmente, é uma pequena, mas firme tentativa antitética frente ao turbilhão de informações que nos soterra diariamente. Eis o ponto: A Crítica - a técnica de distinguir e decidir -, o meio pelo qual eu, em minhas infinitas limitações humanas, julgo o que é de maior interesse para a coletividade numa perspectiva histórica e faço uma reflexão à respeito. A tese é a ordem de se alienar e de se curvar; a antítese é um convite à Filosofia e à Democracia - ambas andam de mão dadas -, o descurvar. A tensão dialética é evidente e a síntese só nasce a partir de uma intervenção - seja pelo diálogo ou pelo silêncio ensurdecedor.