quarta-feira, 17 de junho de 2009

Reunião dos BRIC's

Como já foi abordado por aqui, o grupo formado por Brasil, Índia, Rússia e China é peça chave na atual conjuntura econômica e política em que vivemos. De uma sigla criada pelo Goldman Sachs em 2001 para definir um grupo ainda abstrato, ela passou a ganhar concretude nas grandes negociações comerciais dos últimos anos. Ontem, na Cúpula de Yekaterinburg, o grupo deu mostras que pretende se articular politicamente de forma mais efetiva.

Claro, não será uma tarefa fácil; os quatro países são gigantescos e profundamente complexos internamente. Para se ter uma ideia, juntos, eles representam quase 40% da população mundial e pelo menos 21% do PIB mundial (auferido em valores reais). Não há, simplesmente não há, como discutir uma questão de relevância global sem levar os quatro em consideração nos dias que se seguem.

Pois bem, como estariam os BRIC's nesse exato momento? Bem, a Rússia vai muito mal, abalada pelo desabamento dos preços dos hidrocarbonetos e por possuir algumas fragilidade sistêmicas que ficam mais expostas nesse momento - o PIB do país no trimestre passado caiu 23% em relação ao trimestre anterior, um terror. Brasil e Índia registraram quedas pequenas, na casa de 1%, no mesmo período segundo a mesma comparação. A China continua crescendo. Aparentemente, todos os quatro têm potencial para se recuperarem mais rápido do que a Europa.

Dentre os debates travados na Cúpula, o maior deles toca a questão das reservas monetárias dos países e a problemática do Dólar e alternativas para a sua substituição. Algo simplesmente impossível de se imaginar há vinte anos. Não podemos fechar os olhos para a imaturidade institucional dos quatro e os inúmeros problemas internos de ordem política que eles têm, mas é sensacional imaginar uma ordem mundial que subverta a lógica da superpotência inequívoca que tudo pode - o que não foi bom para ninguém, nem mesmo (e muito menos) para o povo americano, admita ele ou não.

2 comentários:

  1. Brick by brick chegaremos lá... Só a Rússia que sai meio mal na foto. Não sei se é por conta da crise atual, que, como você disse, é bem mais forte por lá; se por conta do passado, que traz um ar decadência ao país, mas, mesmo os 4 países sendo tão diferentes entre si, a Rússia tem, mais do que os demais, um quê de estranha no ninho.

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  2. Maurício,

    Realmente, o fato é que enquanto Brasil, China e Índia evoluíram nos últimos vinte anos, a Rússia fez caminho inverso. Putin, com todos os seus defeitos, marcou uma evolução sim em relação ao que se viu nos anos 90.

    Se comparado com todos os líderes soviéticos, o rendimento da relação produção de desenvolvimento humano x coeficiente de danos humanitários causados de Putin, só foi menor do que a de Lenin, por exemplo. Claro, de Stalin a Yeltsin quem não era maluco, era incompetente - quando não ambos ao mesmo tempo -, portanto a base de comparação é tragicômica.

    Esperemos, no entanto, acho possível sim uma recuperação russa por uma série de questões que concernem desde o preço dos hidrocarbonetos que não tardará a subir até as próprias potencialidades do mercado local.

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